Harry Potter - Golden Snitch 2

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Hell. Paris. 75016.

6 " Desenganada antes do tempo, vomito sobre os sentimentos artificiais. O que a gente chama de amor é apenas o álibi consolador da união de um perverso com uma puta, é somente o véu rosado que cobre o rosto assustador da solidão invencível. Vesti uma carapaça de cinismo, meu coração é castrado, sou a dependência lamentável, a zombaria do engordo universal, Eros com uma foice enfiada na sua aljava. Amor, isto é tudo que a gente encontrou para alienar a depressão pós cópula, para justificar a fornicação, para consolidar o orgasmo. Ele é a quintessência do Belo, do Bem, do Verdadeiro, que remodela a sua cara escrota, que sublima sua existência mesquinha. Bom, eu, eu o rejeito. Pratico e louvo o hedonismo mundano, ele me poupa. Ele me poupa das euforias grotescas do primeiro beijo, do primeiro telefonema, de escutar uma dúzia de vezes um simples recado, de tomar um café, uma bebida: as reminiscências da infância, os amigos comuns, as férias na Côte d'Azur, seguidas de um jantar: os escritores prediletos, o mal estar de viver, o porquê sair todas as noites, a primeira noite, seguida de outras mais, não ter nada a dizer, foder para preencher os vazios, perder ate a vontade de foder, se afastar, mas ficando mesmo assim junto, brigar, se reconciliar escondendo que no fundo tudo está morto, ir foder com outros, e depois mais nada. Sofrer..."
" Cada dia é a repetição inconsciente do anterior: a gente come uma coisa diferente, a gente dorme melhor ou pior, transa com uma pessoa, vamos a um luga diferente quando saímos. Mas é igual, sem objetivo, sem interesse. Nós continuamos e nos determinamos objetivos materiais. Poder. Dinheiro. Filhos. A gente perde a cabeça tentando realizá-los. Mas, ou a gente nunca consegue alcançá-los e fica frustrada para o resto da vida, ou, quando consegue, percebe que não dá a minima. Depois a gente morre. E fica com a boca cheia de terra. Quando a gente se dá conta disso, a vontade que dá é de encher logo a boca de terra, pra não ficar lutando em vão, para pregar uma peça na fatalidade, para escapar da armadilha. Mas a gente tem medo. Medo do desconhecido. Do pior. E então, quer queira, quer não, a gente fica sempre esperando alguma coisa. Do contrário, já teríamos apertado o gatilho, engolido a caixa de comprimidos, pressionado a navalha até o sangue jorrar... "


Lolita Pillie.









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