Digamos que, relativamente, ele tenha uma perfeita viva rock'n'roll: uma banda que não é famosa mas tem uma boa quantidade de fãs e faz uma boa qualtidade de shows nos quais ele se diverte, um bom apartamento, uma boa namorada - com a qual transa muito e em qualquer lugar -, e bons amigos, que sempre estão com ele...
Uma vida como essa, seria impossível evitar que o circulo de amizade creça. Por uma obra do destino ele acaba sempre por conhecer novas fãs. Talvez nem sejam fã pois tais são aquelas loucas. Podemos dizer que sejam novas meninas que se relacionam bem o estilo músical de sua banda. Foi algo inesperado porque ele sempre evitava em criar algum tipo de relacionamento com ‘fãs’. Duas delas começaram meio que persegui-los, sabe, e ele foi o escolhido para ser o queridinho da banda. Terrivel, não é? Ele sabe que alguns caras gostam disso, mas ele não. Ele apenas fugia. Inevitavelmente mais duas amigas dessas já citadas fãs começaram a frequentar shows e lugares que ele costumava ir – elas já tinham o costume de frequentar aqueles lugares, porém ele nunca havia percebido.
Certo dia, após um show, ele já havia reparado nessas duas novas garotas mas ao contrário das outras, elas nunca corriam atrás, puxavam papo e coisas do tipo. Ele resolveu perguntar a elas se tinham gostado das músicas e se o som estava bom... Surpreendeu-se então no quão simpáticas as garotas eram e acabou perguntando se elas gostariam de dar um role com os caras após a competição. Elas disseram não, pois não estavam na vibe e ele não entendeu bem o porque, já que qualquer garota que estava ali faria qualquer coisa para sair com eles mas algo dizia para não se afastar delas. Peguntou se poderia ir junto, já sorrindo pela idiotisse que estava para fazer – afinal, era um role de muiiito alcool, sexo e talvez algo para deixá-lo 3D -. Uma das garotas deu de ombros e a outra, no mesmo instânte lançou um sorriso que respondia si próprio.
- Hey, Thiago, leva minha guita pra sua casa que vou fazer outro rolê, pode ser? –Era o melhor dia para aproveitar a oportunidade já que sua namorada tinha ficado em casa porque estava com ‘dor de cabeça’.
-Outro rolê, Greg?
- É, amanhã nós conversamos, falow. – Nem deu espaço para mais perguntas, pegou sua mochila e saiu correndo em direção das garotas.
Encarou as mesmas, com um sorriso bobo e milhares de coisas flutuando em sua cabeça. Porque diabos eu estava abandonando esse role?
- Desculpe mas, qual são seus nomes mesmo? –
- Ah, o meu é Samantha e o dela é Fernanda. E o seu? –
- Gregorio, mas pode me chamar de Greg. Eae, vamos?
Ao chegar na casa de Samantha, os pais dela estavam na sala vendo alguma babaquice na tv. Do corredor, ela deu um grito avisando:
- Mãe, a Fernanda e o Greg vão dormir aqui. Estaremos no quarto. Boa noite.
Depois de estarem acomodados os três, sentados na cama king size, Samantha e Fernanda com seus notebooks no colo e Greg ao lado, reparando em cada movimento de Samantha. Ele deitou na ponta da cama e ficou por encarar o teto, pensando no que estava acontecendo. Aproveitou e mandou uma sms para Thiago, avisando que estava bem.
Fernanda desligou o notebook, já pulando da cama avisou que ia ao banheiro e depois dormiria. Samantha largou o notebook de lado, tocando So I Cold I Could See My Breath do Emery e deitou de bruços ao lado dele e, entortando-se ao máximo para olhar para o teto, no mesmo ponto que ele olhava.
- O que você está pensando?
- Hum, eu? Sei lá, talvez o que me fez abandonar meu rolê pra vir aqui e passar a noite toda conversando com vocês... – Ele virou-se um pouco e assim pode verificar mais de perto o sorriso dela.
-Pra ser sincera, eu também não entendi, mas que bom que decidiu vir. – Soltou AQUELE sorriso novamente e em seguida entortou um pouco a boca – Você namora, né?
-Sim, quase dois anos... Porque?
- Eu ‘tou com muita vontade de te beijar, mas não gostaria de fazer isso com sua namorada...
-Você não vai fazer com ela, vai ser comigo! – Greg sorriu e em seguida comprimiu os lábios – Nós tinhamos terminando e voltamos, e não me sinto mais como antes. Quer dizer, o sexo é bom como sempre... –Preferiu calar a boca porque além de estar falando sobre sexo, estava falando sobre sua vida pessoal, ele nunca fazia isso.
-Sim, entendo.
- Me dá um beijo?
Ela sorriu novamente e colou os lábios nos dele, calmamente. O coração de Greg acelerou, seus pensamentos a milhão. Foi um beijo rápido, o que fez com que ele engolisse seco e ficasse com as mãos geladas.
-Droga, não era pra eu ter feito isso. –Ela entortou os lábios ao ver a reação dele.
-Ei, nada disso. Eu gostei! Só estou me sentindo estranho... –E ele realmente estava. Começou a fazer carinhos com o polegar na bochecha de Samantha.
Fernanda voltou, sem trocar qualquer outra palavra e se enfiou aos pés da cama.
O Celular de Greg vibrou. Duas mensagens: uma de Thiago e outra de sua namorada. Ele apenas desligou o mesmo e voltou a olhar para Samantha. Tomou coragem e começou a falar desenfreadamente:
- Sei lá que diabos está acontecendo agora. Eu não estou pensando em passar a mão em você e nem em nada mais que eu tinha costume de fazer quando comecei a trair! Eu só quero ficar ao seu lado! Ouvindo tudo sobre você... –Sorriu meio bobo, esperando alguma reação dela.
-Er... O mesmo comigo... – Pegando um travisseiro, dividiu o mesmo com ele e se cobriram. Acabaram por dormir, enquanto apenas se olhavam. Quer dizer, ela dormiu, Greg não conseguia parar de pensar...
Ao ouvir um barulho na casa e percebeu que já era dia. Estava tocando aquele album do Emery repetidamente. Neste momento estava tocando ‘Return The Smile You Have Had From The Start’, levantou-se e pegou a mochila,nela pegou papel e caneta.
-Ow, anota o celular dela, porque mesmo que você deixe o número para ela, ela não vai ligar. -Fernanda estava sonolenta e mesmo assim passou o número.
- Valeu! E pode voltar a dormir... –Mostrou o papel e colocou o mesmo em cima do notebook de Samantha.
Mais tarde naquele dia, ele resolveu ligar para ela. Estava afim de ir em uma feira de bairro, comer alguma porcaria.
-Bom dia, Samantha.
-Wau, você ligou. Pera... Como você tem meu número? –Espreguiçando-se na cama. A duvida foi embora quando olhou para Fernanda, que sorria.
- Quer sair comigo agora? – Greg sorriu, estava fazendo vários ‘jogos da velha’ em um papel no balcão.
-Ahm, er, sim.
-Ok, daqui uma hora passo ai. – E voltou a desligar o celular.
No horário combinado, ele parou na frente da casa dela e no mesmo instânte ela saia da mesma.
Demorei? – Greg sorriu, abraçando-a pela cintura e deixando um beijo demorado em seus lábios.
-Nem. –Sorriu, deixando claro o quão bem tinha dormido e estava feliz – Pra onde vamos?
- Surpresa.
Pelo caminho, conversaram sobre tudo. Sabe, música e relacionamentos. O basico. Ele percebeu que ela estava bem machucada por conta de outros relacionamentos.
-Nossa, eu sempre quis vir nessa feira... Poxa, eu te falei isso ontem. –Entortou os lábios, ansiosa, olhando para todos os lados.
Nesse instânte, Greg viu sua namorada aproximar e não sabia como lidar com a situação.
-Oi Angela! –Samanta sorriu e afastou-se um pouco de Greg, deixando-o confuso.
-Oi, Sam. –Deixou um beijo no rosto dela e virou-se para ele – Porra, ‘tou tenando te ligar desde ontem e seu celular só dá caixa postal. Liguei pro Thomas e pro Luti e eles não sabiam me responder...
- Oi pra você também, Angela. – Greg comprimiu os lábios em um sorriso seco e rolou os olhos – Depois do show eu fui pra casa com muita dor de cabeça e dormi. E acabei de encontrar a Samantha aqui. –Olhou para a mesma pedindo desculpas com o olhar.
- Gregorio, minha amiga... – Apontou adiante, deu um beijo no rosto de Angela e sorriu para ele. – Falo com vocês mais tarde pelo MSN, tchau. – E saiu andado.
Greg bufou e Angela não parava de falar, reclamando e chingando. Foi ai que ele lembrou o porque terminou com ela.
Ligou para Samanta no dia seguinte.
-Me desculpe por ontem e tal... A Angela colou na minha e só foi embora agora.
- Tiveram uma reconciliação? –Samantha se arrumava para o trabalho enquanto falava com ele.
-Não vou mentir que dormimos juntos. Mas sério, eu não aguento mais el... – A segunda chamada apitou em seu celular – Já te ligo de volta, o Luti tá me ligando. Beijo, anjo. – Esperou apenas ela dizer ’tchau’ e desligou. – Fala, Luti!
-Então, vamos dar um role... Quer ir?
-Nem dá, tenho umas coisas pra resolver...
- Coisas pra resolver? Com aquela menina estranha ... – Luti dava de ombros pros outros caras, sem entender.
-Cala a boca, mais tarde ligo para vocês. – E desligou.
Mandou uma SMS para Samantha, pedindo o endereço do trabalho dela.
Por volta das três horas do mesmo dia, foi buscar Samantha. Acenou de longe quando ela saia da empresa. Ela chegou a olhar para os lados sem entender.
- Não esperava que viria hoje. Qualquer dia, menos hoje! – Ela sorria. Estava mesmo feliz.
- Eu não consigo mais ficar longe de você... – Ficou vermelho, puxou ela para um beijo rápido e afastou-se, ficando sério. – Samantha, eu vou terminar com a Angela.
-Tipo, sério?
-Sim. Só penso no que pode acontecer de agora em diante...
- E o que você pensa?
- Bem, eu só penso em você e é o sentimento mais puro que tenho dentre anos. A Angela é irmã do Alex, sabe, o vocalista da minha banda. Ela que consegue os shows e tal... Além disso... Você é amiga dela e...
-Greg... É isso mesmo que você quer? Abandonar sua perfeita vida de rock’n’roll? – Samantha sorriu.
-Não vou abandonar. Vou começar novamente. Quer dizer, se eles desistirem de tudo por causa dela, não posso fazer nada a não ser continuar. E bem, você estará ao meu lado, não é?
-Claro mas... Sei lá... Parece estranho... E outra, não sou AMIGA da Angela, apenas nos falamos algumas vezes pelo MSN.
-Shiu, ow. Só o destino fala... Cacete, o que tá acontecendo na minha cabeça? –Sacudiu a mesma, sem entender e tentando encontrar as respostas no olhar de Samantha.
-Ué, você escreve sobre, toca sobre e não sabe o que é? –Ela criou aquele sorriso radiante em lábios.
-Wow, eu nem tinha pensando nessa opção...
- Pois é. Sobre isso não se pensa, não se procura. Só se encontra e é pra ser vivida.
Greg abraçou Samantha por um tempo que pareceu décadas e tinha a maior certeza de todas: A vida que ele tinha, realmente, era uma vida relativamente feliz. E agora ele tem certeza, que a perfeita vida feliz de rock’n’roll está só começando.
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